O jornalista moçambicano Arão Cuambe diz que se Moçambique for eleito para membro não-permanente do Conselho de Segurança das Nações Unidas, para o biénio 2023-2024, terá grande contribuição para a resolução de conflitos no mundo, garantido paz e segurança para os povos.
Como argumentos, Cuambe aponta a experiência que o país acumulou na gestão de conflitos internos, como também na mediação para a paz e segurança em outros países, como os casos do Zimbabwe, o apoio à África do Sul para libertar-se do regime segregacionista do Apartheid e a sua participação na mediação do conflito no Burundi, ajudando este país a sair da instabilidade política.
Aliás, Arão Cuambe foi um dos jornalistas que cobriram o processo de mediação para a paz no Burundi.
O jornalista destaca o diálogo como a arma que sempre caracterizou o país na resolução de diferendos, um instrumento que acredita seja útil num fórum como o Conselho de Segurança da ONU.
Para elucidar, recua no tempo para resgatar o processo negocial desencadeado para pôr fim à guerra civil entre o Governo e a Renamo, que culminou com a assinatura do Acordo Geral de Paz em Roma, a 4 de Outubro de 1992.
Faz também menção ao processo negocial em que o Presidente da República, Filipe Nyusi, deslocou-se à Serra da Gorongosa ao encontro do então líder da Renamo Afonso Dhlakama, que culminou com a assinatura do Acordo de Maputo para a Paz e Reconciliação Nacional, a 6 de Agosto de 2019.
Foi na sequência deste acordo que o Governo iniciou o desarmamento, desmobilização e reintegração de homens residuais da Renamo, uma experiência que, segundo Cuambe, também pode ser partilhada com o mundo.
“Hoje temos o problema de Cabo Delgado. O Presidente Nyusi também se desdobrou. E, como resultado do seu empenho pessoal, o problema do terrorismo em Cabo Delgado não está resolvido, mas está minimizado, com o envolvimento da tropa ruandesa e da missão da SADC [Comunidade de Desenvolvimento da África Austral]”, sublinha, esclarecendo que traz estes exemplos para mostrar que Moçambique tem muito a dar se a sua candidatura for aceite.
Arão Cuambe está convicto de que, com estes processos, Moçambique acumulou muito conhecimento que poderá emprestar a vários países em conflito.
“A minha expectativa é que a candidatura de Moçambique seja aceite de modo que possa emprestar a sua experiência no domínio da resolução de conflitos. Creio que vai ser útil no Conselho de Segurança no sentido de ajudar outras nações que vivem instabilidade a resolverem os seus problemas”.